Zombie - The Pretty Reckless

"i'm not listening to you i am wandering right through existence with no purpose and no drive 'cuz in the end we're all alive, alive..."
( Zombie - The Pretty Reckless )

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Um Relógio a esmo


Me virava na cama exausto, nenhuma posição me agradava, nada conseguia fazer com que meu sono chegasse. Enrolei todo o meu corpo no lençol, forcei meus olhos a fecharem. Naquela manhã o verbo "correr" foi o que mais utilizei, na prática da ação. Relatórios atrasados, contas para pagar, atraso para a volta do intervalo de almoço, sem contar com a tentativa frustrada de correr atrás da Tereza. Como assim me largar por causa da minha falta de tempo? Ela não notou em nenhum momento que tudo que fiz foi por ela? INGRATA!

Fechar os olhos para quê? O sono não iria chegar com tantos pensamentos a me atormentar. Abri os olhos lentamente e olhei para o relógio da cabeceira, marcava exatamente duas horas da madrugada. DROGA! Naquele momento já estava em um novo dia e em poucas horas teria que me levantar e me arrumar para mais uma jornada de trabalho. Chutei o vento com raiva, por que eu simplesmente não dormia?

Olhei mais uma vez para aquele relógio, o movimento dos ponteiros eram como marteladas na minha consciência. Batidas sem fim, que insistiam a prolongar o meu tormento. Como aquele relógio era incessante, irritante, frustrante... Um simples objeto marcava toda a minha impotência, marcava os segundos que me restavam a viver, marcava a vida de trabalho sem fim que possuia juntamente com ele. Tempo, tempo, tempo, tempo...

AAAAAAAAAH! - Gritei sozinho naquele quarto, vivia em um apartamento de dois quartos, uma sala, uma cozinha e um banheiro. Apesar de viver ali a 5 anos conhecia nenhum dos vizinhos, uma pessoa solitária isso que eu era. Agora entendo o motivo da Tereza me deixar, viviamos juntos a 1 ano mas sempre a deixei sozinha quando o trabalho me chamava, nunca tive tempo para viajar com ela, nunca a amei o tanto que queria. FRACASSADO, isso que eu sou!

Olhei de esguelha para o relógio, parecia cada vez mais vivo, martelando constantemente. O relógio me mostrava como um grande aviso as 4 horas da manhã, só me restava duas horas de sono, DUAS! Porém, o cansaço venceu meus pensamentos e dormi com uma facilidade inacreditável. Quando aquelas duas horas passaram como um estalar de dedos e aquele maldito relógio alarmou me trazendo de volta a realidade. O olhei com todo o ódio que estava guardado de toda aquela madrugada a esmo, o segurei bruscamente e o atirei na parede. Sorri como uma criança, aquele tique-taque finalmente cessara.

Só não posso me esquecer, devo comprar um relógio novo antes de voltar para casa.




(Conto escrito por Débora Vasconcellos)

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